Um alicerce chamado democracia... (i3)

12-04-2025

Dom Queixote,
"Nos media é comum assistirmos a uma total falta de respeito pelos outros, através de comentários que denotam falsidade ou deselegância, que nada trazem de bom à sociedade e apenas servem para fazer estremecer as bases do sistema democrático."


Embora a democracia seja sinónimo de liberdade, ao experimentá-la aprendemos que ela tem limites e que a nossa liberdade acaba quando começa a liberdade do outro. De liberdade em liberdade, de direito em direito, nós cidadãos portugueses do pós 25 de abril, viemos trilhando um caminho que nos parecia ser seguro e quase imutável. O respeito pelos outros, pelas diferenças ideológicas e partidárias, a convivência plural na Assembleia da República, a divisão dos poderes executivo, legislativo e judiciário, a soberania popular, o direito à manifestação, a transparência das instituições e a participação dos cidadãos, apresentavam-se como pilares e garantia do funcionamento do regime democrático e assomavam-se como algo conquistado e duradouro.

Mas se bem pensamos, mal o fizemos! Na atual realidade, assistimos diariamente nas televisões e nas redes sociais, não só por parte dos agentes políticos, mas também por um grande número de cidadãos, a uma forte desconsideração e um afastamento desses princípios. Nos media é comum assistirmos a uma total falta de respeito pelos outros, através de comentários que denotam falsidade ou deselegância, que nada trazem de bom à sociedade e apenas servem para fazer estremecer as bases do sistema democrático. Aceitando essa realidade como normal estamos a permitir que os radicalismos invadam e prejudiquem as conquistas de abril. Fala-se muito, diz-se pouco e nada se constrói. Antes pelo contrário, o único efeito que se constata é o descrédito das pessoas e das instituições, o que é grandemente favorável a quem quer (de mansinho) derrubar a democracia.

Porque não queremos o regresso à morte do passado, e ainda vivemos em democracia, embora possa parecer uma tarefa hercúlea, cada um de nós tem o dever de se dar ao trabalho de pensar, para poder participar nos desafios que o mundo nos apresenta.

Não há mudança sem democracia e não há democracia sem opinião!


i3 - A demonização

A demonização é o processo de retratar algo ou alguém como sendo inerentemente mau, perigoso ou maligno — como se fosse um demónio, no sentido simbólico ou literal.

Não só no nosso país, mas também cá dentro, este método é usado politicamente com a finalidade de destruir a reputação do oponente. Todos os dias deparamos com "notícias" que sem fundamento visam denegrir instituições e figuras relevantes da nossa sociedade como, por exemplo, os candidatos às várias eleições. Ridiculariza-se uma pessoa, ou destacam-se as suas falhas com o simples intuito leviano de destruir, muitas vezes com inverdades e comentários injustos. E isso afasta-nos da verdade e consequentemente da democracia, pois com tanta "realidade" construída com má intenção ficamos atónitos, sem saber que opinião formar. O processo embora possa parecer simples, usa diferentes combinações e várias abordagens para alcançar o máximo impacto. Muitas vezes, sem por isso darmos, sem nos apercebermos que estamos a participar em processos de demonização, até somos capazes de achar piada às abusivas caricaturas, muitas vezes usadas em outdoors e até em programas humorísticos.
Podemos descansar ao som do "canto da sereia" e, em vez de pensar, fazer do outro um demónio…

Poder podemos, Mas Eu Não Faria ISso! 


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