Um alicerce chamado democracia... (i5)

26-04-2025

Dom Queixote,
"A isso eu chamo o lado negro do sonho ou, se quiserem, o sonho mau! Parece possível, realizável e positivo, mas… é opaco!"


Em momento de mais um aniversário do 25 de abril é natural que se relembrem as premissas da revolução dos cravos. A liberdade é a maior e a mais apregoada, mas não é a única. Outros princípios como a igualdade ou a justiça fizeram parte do sonho dos capitães de abril. E é verdade que com o 25 de abril nasceu um sonho de uma nova sociedade, mais perfeita, mais igualitária e mais humana.

Pena é constatarmos que, volvidos mais de 50 anos, muito daquilo com que então se ansiou não se veio a concretizar…. Ficou pelo sonho! Contudo, era (e acredito que ainda é) o que podemos chamar de um sonho bom. É possível, é realizável, é positivo e límpido.

Mas quem governou Portugal nas últimas cinco décadas, ao invés de perseguir um sonho bom, fez do sonho uma astuta arma de arremesso, uma estratégia para convencer eleitores e, sobretudo em época de eleições, prometeu o sonho, sabendo que isso nunca passaria das palavras.

A isso eu chamo o lado negro do sonho ou, se quiserem, o sonho mau! Parece possível, realizável e positivo, mas… é opaco!

O "sonho mau" esteve muito presente nas ditaduras do passado, tal como está presente nas autocracias deste terceiro milénio.

O mais grave é verificar que também está presente nas democracias… E Portugal não é exceção!

Porque não queremos o regresso à morte do passado, e ainda vivemos em democracia, embora possa parecer uma tarefa gigantesca, cada um de nós tem o dever de se dar ao trabalho de formar opinião livre e independente para, sem medo, exigir participar nas decisões públicas.

Não há mudança sem democracia e não há democracia sem opinião!


i5 - A sociedade dos sonhos…

Fazer uma pintura de um quadro representando uma sociedade ideal pode servir como uma forma poderosa de exercer influência. Pensemos no impacto que tem em nós quando alguém nos diz "Imagine como seria bom se...". Um raciocínio que começa desta forma tem tudo para nos fazer acreditar e sentir que, como disse Sebastião da Gama, "Pelo sonho é que vamos…".

E prometer um sonho é propor algo humanamente irrecusável.

No entanto, politicamente falando, muitas dessas propostas indeclináveis não passam de um chamariz para nos levar a acreditar numa tese, numa figura ou num partido. Desta forma, quando assumimos o sonho, tudo aquilo que represente um obstáculo a esse sonho se torna numa ameaça. Aí, ofuscados pelo sonho, ficamos agarrados à tese, à ideia ou ao partido, convictos de que não há mais verdade para além daquela em que acreditamos. E cristalizamos, não querendo pensar mais. O mundo fica a preto e branco e emerge a máxima "ou estás comigo ou estás contra mim".

Podemos deixar que outros nos digam com o que sonhar…

Poder podemos, Mas Eu Não Faria ISso!


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