Um alicerce chamado democracia... (i9)

23-05-2025

Dom Queixote,
"Cada pessoa deve ter opinião e essa opinião deve ser respeitada e utilizada para fazer caminho para o bem comum."


O país teve eleições na semana passada. Como é regulamentar, antes das eleições há campanhas eleitorais. É um momento de exposição dos políticos e das forças partidárias, com a finalidade de angariar votos. Por isso, também é uma oportunidade de ouro para o cidadão atento perceber as estratégias que aí são usadas.

Uma dessas estratégias, utilizada frequentemente no discurso dos políticos, é a simplificação.

A simplificação do discurso político tem como objetivo tornar a mensagem mais acessível, apelativa e eficaz junto do eleitorado. E encontramos facilmente exemplos da utilização dessa estratégia nos partidos portugueses. Quem não se recorda de frases como: "Vamos pôr mãos à obra", "Portugal não pode parar", "Taxar os lucros milionários", É o que é", e mais recentemente, "Salvar Portugal" ou "Deixem o Luís Trabalhar".

Mas a simplificação pode levar a que fiquemos focados numa ideia que, embora se nos apresente como simples, tem como finalidade desviar a atenção dos problemas mais complexos.

Porque não queremos o regresso à morte do passado, porque ainda vivemos em democracia, cada um de nós tem o dever de se dar ao trabalho de formar opinião livre e independente, e sem medo exigir participar nas decisões públicas.

Não há mudança sem democracia e não há democracia sem opinião!


i9 – A simplificação

A estratégia de simplificação em política é uma ferramenta poderosa, usada para reduzir temas políticos complexos a mensagens diretas, fáceis de entender e que ficam na memória. Ela é usada por políticos, partidos e campanhas, para conquistar o apoio popular, mobilizar eleitores e influenciar a opinião pública.

Contudo, ao simplificar a realidade, é criada a noção de que tudo se pinta a preto e branco que não existem nuances, o que leva a radicalizações, colocando as pessoas umas em oposição às outras.

E em democracia não é assim!

Cada pessoa deve ter opinião e essa opinião deve ser respeitada e utilizada para fazer caminho para o bem comum.

Mas este pressuposto democrático é anulado quando se utiliza a estratégia de simplificação. Primeiramente, as questões mais complexas são polarizadas e reduzidas a algo que é visto apenas de duas formas: ou está certo ou está errado! Depois, são criadas narrativas com vilões, vítimas e heróis, o que gera identificação emocional, mobiliza apoios e reforça identidades políticas. Por fim, considerando que a maioria das pessoas não acompanha debates políticos profundamente, estas frases simples ajudam a comunicação e captam a atenção rapidamente. A simplificação é uma estratégia que naturalmente funciona, pois, slogans, frases feitas e metáforas simples ficam mais tempo na nossa mente.

Podemos deixar que a democracia seja destruída por estratégias de radicalização.

Poder podemos, Mas Eu Não Faria ISso!